Mapeando o comum urbano de Joao Pessoa


Este mapa é fruto de um trabalho coletivo realizado entre os dias 21 e 26 de outubro de 2019 no âmbito do curso Mapeando o Comum Urbano do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, e do projeto de extensão do Departamento de Geociências, ambos da Universidade Federal da Paraíba. O curso propôs um método de laboratório interdisciplinar, desenvolvido anteriormente em várias cidades do mundo, onde encontram-se para trabalhar juntos arquitetos, geógrafos, ativistas, artistas visuais, cientistas sociais e estudantes de diferentes cursos. Quatro principais bens comuns ameaçados da cidade de João Pessoa foram identificados e parametrizados: o Rio Gramame, que é a principal fonte de abastecimento de água da região metropolitana, se encontra poluído pelos agrotóxicos da agricultura e rejeitos industriais; o Rio Jaguaribe, que atravessa a cidade de sul a norte recebendo esgotos domésticos e resíduos depositados de modo irregular no sistema de drenagem da cidade; o Rio Sanhauá e o Porto do Capim, berço e patrimônio histórico da cidade, são alvos recentes da especulação imobiliária e do turismo predatório; e por fim, o sistema de falésias do Cabo Branco, que é margeado pelo terceiro maior recife de corais do mundo, e que vem sendo destruído pela supressão da mata atlântica e um sistema inadequado de drenagem. 

RIO SANHAUÁ

João pessoa nasce no Rio Sanhauá, mais precisamente, no antigo porto comercial do Capim. Desde a migração das atividades portuárias para Cabedelo, há 80 anos, a comunidade ribeirinha tradicional do Porto do Capim ocupa as margens do Sanhauá, tendo neste período recuperado o mangue, a fauna local, e desenvolvido relações culturais com a área, como a procissão e barqueada de N. Sra.Conceição, a cada 8 de dezembro, que passa pela Rua do Porto do Capim e embarca em pequenas canoas no Trapiche, rumo à Ilha da Santa, no Sanhauá. A comunidade do Porto do Capim encontra-se hoje ameaçada pelo despejo de esgoto do centro da cidade no rio e por um projeto urbano financiado com dinheiro público. A Prefeitura Municipal pretende expulsar aproximadamente 160 famílias, que residem há 4 gerações no território, para criar um parque, em um projeto de impermeabilização do solo que inclui até estacionamento para carros particulares. A resistência tem sido feita pela Associação de Mulheres do Porto do Capim, Garças do Sanhauá e moradores da Comunidade do S. 

RIO JAGUARIBE

O Rio Jaguaribe atravessa a cidade de João Pessoa de sul a norte, e teve a nascente original e seu curso alterados ao longo do crescimento da cidade. O assoreamento, retificação e retirada da mata ciliar são os principais problemas do rio, oriundos de uma má gestão e ocupação desordenada das suas margens. A contaminação das suas águas resulta de poluição por rejeitos e difusa, ou seja, do lançamento irregular de esgotos e do lançamento de lixo nas várzeas e no rio. Por estes motivos, o rio deixou de ser fonte de abastecimento e de sustento, inviabilizando a atividade de pesca. Nos períodos de chuva, o nível de seu leito aumenta causando inundações, enxurradas e alagamentos que geram transtorno nas comunidades ribeirinhas do Timbó, São José e Salinas Ribamar, ocasionando problemas de mobilidade, salubridade e desalojamento de famílias. É urgente o tratamento adequado de drenagem e saneamento às margens do Jaguaribe, para que o rio se torne vivo novamente.

CRÉDITOS

Coordenação: Pablo DeSoto, Letícia Palazzi, Andrea Porto, Paulo Rossi.

Contribuiram: Flavia Bezerra, Gabriella Almeida de Oliveira, Ian Coelho, João Luiz Carolino, Lincoln Almeida, Mariana Oliveira, Rodolfo Santana, Yanna Garcia, Adriana Yumi Nishitani, Aurora Caballero, João Batista, Aurora Caballero, Raissa Monteiro, Adelmar Barbosa, Andrea Cavalcanti, Arthur Chacon, Ricardo Bruno Cunha Campos, Danielle Guimarães, Eleonora Paoli, Maria Carmen Cavalcanti, Mariana Daltro, Rafaella Dantas, Beatriz Pires, Elisa Carneiro, Matheus Pontes, Aline Ramalho, Ana Beatriz Nóbrega, Ivana Accioly, Jessica Rabello, Ivanildo Santana, Jailma Carvalho, Izanilde Barbosa da Silva, Alessandra Soares, Guilherme Cavalcanti, Maria Heloísa Oliveira, Mariana Ribas, Marilia Dornellas, Mirelli Gomes, Nilton Fernandes, Sidney Pereira & Yan Azevedo.

Organização: PPGAU e DGEOC, Universidade Federal da Paraíba.

Agradecimentos: Espaço Cultural José Lins Do Rego