Título: De Istambul a Rio de Janeiro, as lutas pelo comum nas cidades rebeldes
Resumo:: “Eu tô lutando pelos 10% do PIB para educação e para saúde, assim como pelo aumento da frota e da fiscalização da capacidade máxima dos ônibus, que aqui não é controlado. Isso é muito importante para fazer imediatamente. Este grande garrafão de plástico cheio de água é para botar dentro as bombas de gás lacrimogênio. É para nos proteger do lacrimogênio, aprendi isso num video na Turquia. É da galera, um bem comum.”
Essas palavras de um manifestante num protesto em junho no Brasil exemplificam com dramática intensidade o conflito atual, em torno da reprodução da vida nas metrópoles contemporâneas. O modelo hegemónico neoliberal imposto pelas elites financeiras, – onde o sucesso do capital não vem acompanhado de desenvolvimento para a maior parte da população, – está sendo confrontado pelas revoltas que proliferam nas ruas de quase uma centena de países2, desde 2011, no novo ciclo de lutas inaugurado nos países árabes do Mediterrâneo.
Nessa encruzilhada, a velha distinção entre o privado e o público não é mais capaz de responder à questão fundamental de como compartilhar recursos vitais. O comum emerge ao mesmo tempo como o objeto – a demanda de mais recursos para os serviços públicos de saúde e educação – e como a forma de organização – as acampadas nas praças ou, no caso extremo, a garrafa de água que a multidão usa para defender-se do gás lacrimogênio. A cidade, seja Madrid ou Reykjavík, Cairo ou Oakland, se torna o cenário genérico dessa luta.
Palavras chave: comum, cidade, revolta, multidao, cartografia
Autores: DE SOTO, P. (org)
Publicaçao: Amanhã vai ser maior: o levante da multidão no ano que não terminou. Anna Blume, 2014
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